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Novas tecnologias são aliadas no combate ao roubo e furto de carga

Publicado em 22/01/2019 por Alessandra de Paula

Entre os 57 países onde o transporte de carga é considerado o mais perigoso, o Brasil está em sexto lugar, perdendo inclusive para regiões em conflito, como a Síria, a Líbia e o Afeganistão. Se excluídos os países em guerra, o Brasil salta para a primeira posição, de acordo com pesquisa divulgada em 2017 pelo Comitê de Transporte de Cargas do Reino Unido.

Diante desse triste cenário, a tecnologia pode trazer novas soluções para proteger os carregamentos contra roubos e furtos. Uma delas é referente aos drones. Equipados com diferentes sensores, capazes de capturar uma enorme variedade de dados em solo, esse tipo de equipamento começa a ser usado como uma arma no combate ao roubo de carga.

Na Europa, empresas já estão empregando esses aparelhos na vigilância de remessas. No Brasil, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vem testando um sistema de drones para monitorar as rodovias federais. Atualmente, segundo informa a assessoria de comunicação do órgão, há um projeto em andamento no Mato Grosso do Sul, no qual são utilizados drones em determinadas situações, como bases elevadas de observação em rodovias e estradas vicinais. Ainda está em estudo pela Coordenação-Geral de Operações da PRF a ampliação do projeto para outros estados, bem como a regulamentação do uso da ferramenta na fiscalização ordinária.

Outra tecnologia que vem sendo adotada é o sistema de etiqueta eletrônica de carga (semelhante à de roupas), chamado RFID (Radio Frequency Identification – Identificação por Rádio Frequência). No caso do gerenciamento da frota, há a possibilidade de combinar o RFID com os sistemas de GPS, o que permite conhecer a posição tanto da carga transportada, quanto do veículo.

Em abril de 2018, foi lançado o Sistema de Identificação, Rastreamento e Autenticação de Mercadorias, ou Brasil-ID, baseado na tecnologia RFID. O sistema é estruturado pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), das Secretarias de Fazenda de todos os Estados da União, bem como de centros de pesquisa nacionais. Além de automatizar os procedimentos fiscais e aduaneiros, o Brasil-ID permite prevenir o roubo e furto de mercadorias.

Aplicativo reunirá informações sobre roubo de combustível

Outro grande aliado contra o roubo de carga está na palma da mão: o celular. O aplicativo Roubo de Carga, criado há cerca de dois anos pela empresa QG Security, e disponível para a plataforma Android, reúne diversos dados que podem ajudar quem transita pelas estradas, informando os locais onde os roubos de carga mais acontecem. O sistema apresenta qual tipo de carga foi roubada, além do dia, hora e local. O aplicativo funciona de forma colaborativa: os dados são alimentados por caminhoneiros que, porventura, tenham sofrido o roubo de carga (ou a tentativa dele) e checados por moderadores antes de entrarem no sistema.

Aplicativo permitirá a notificação de roubo de combustível e lubrificantes

A ideia, segundo Davidson Veiga, CEO da QG Security, é a de compartilhar os dados e impulsionar a tomada de providências por parte de autoridades e empresas. “Hoje, cada um tem suas informações, mas as gerenciadoras de risco não se falam. Nosso aplicativo ajuda a compilar os dados para as seguranças pública e privada. Não é solução, é preditivo. O caminhoneiro que entra no Rio de Janeiro, por exemplo, sabe pelo app quais as regiões de risco e quais os horários de maior número de ocorrências”, explica Veiga.

Em breve, o aplicativo Roubo de Carga terá informações também sobre roubos de combustível, um tipo de crime que vem aumentando e causando grande prejuízo para as empresas e para a sociedade, já que é o setor que mais arrecada impostos. “Haverá um campo personalizado no aplicativo, dedicado somente às ocorrências de roubo de combustíveis e de lubrificantes. As empresas desse segmento vão ter um canal único de comunicação”, adianta o CEO.

Falta de segurança no transporte de carga em regiões remotas

Karla Mendes, jornalista vencedora do 1º Prêmio Plural de Jornalismo, realizado em 2018, conquistou o primeiro lugar justamente com uma reportagem sobre roubo de cargas, publicada no jornal O Estado de São Paulo. A matéria especial investigou a crescente ameaça nos rios da Amazônia, representada pela atuação de piratas que roubam cargas de embarcações, sobretudo das que transportam óleo diesel. Estima-se que a ação dos bandidos provoque um prejuízo de pelo menos R$ 100 milhões ao ano, o que se reflete no preço dos fretes. A reportagem revela, ainda, que a atuação de piratas cresceu no eixo Rio – São Paulo.

“A tecnologia pode ajudar muito, principalmente em regiões remotas como a Amazônia. Os piratas vêm em barcos pequenos e ágeis, se aproveitam da falta de comunicação na região. Até a denúncia chegar à delegacia fluvial, eles já estão longe. Algumas empresas passam a contratar escolta armada, mas isso acaba aumentando o custo da operação. Algo precisa ser feito, se não, a tendência é piorar”, alerta.

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