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Carro elétrico movido a etanol: você está preparado para essa revolução?

Publicado em 24/05/2019 por Antonio Carlos Teixeira

Seguindo uma tendência mundial, praticamente todas as principais montadoras de carro já têm, ou estão desenvolvendo, veículos híbridos (com motores à combustão e à eletricidade), ou totalmente elétricos. Atualmente, alguns modelos movidos a partir dessas tecnologias já são ofertados no mercado brasileiro, a exemplo do Prius, sedã híbrido da Toyota (confira aqui nosso test drive) e, futuramente, o Corolla em sua versão híbrida Flex, prevista para ser lançada ainda em 2019, sendo, mundialmente, o primeiro da categoria movido à gasolina, etanol e eletricidade.

Mas dentro desse novo leque de automóveis mais sustentáveis e econômicos, uma outra tecnologia, que está sendo desenvolvida aqui no Brasil graças à parceria entre o Laboratório de Genômica e BioEnergia da Unicamp (SP) e a Nissan, promete revolucionar o conceito de geração de energia elétrica para veículos, utilizando o etanol como fonte geradora de energia elétrica. Não se trata de um modelo híbrido, e sim de um veículo 100% elétrico, movido a biocombustível, ou melhor, a hidrogênio. Na prática, será um carro exclusivamente elétrico, mas que não terá uma tomada como fonte alimentadora de energia, e sim um tanque de etanol.

A parceria para o desenvolvimento dessa tecnologia é feita com a Nissan do Japão. A montadora criou um sistema chamado Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), ou e-Bio. O nome parece meio estranho, mas é por meio desse mecanismo que o etanol é transformado em hidrogênio para, assim, gerar energia elétrica e fazer o veículo se locomover. Diferente dos carros Flex, o etanol aqui não é utilizado para combustão, e sim para gerar energia elétrica. “Pensar que energia para um carro elétrico pode ser alimentada apenas por uma tomada é um equívoco”, diz o professor Gonçalo Pereira.

Segundo a Nissan, apesar da utilização do etanol, a Célula de Combustível e-Bio não é voltada para modelos híbridos. “O etanol entra no sistema apenas para produzir, por meio de reação química, o hidrogênio – responsável por abastecer a célula de combustível, que gera a eletricidade”, diz o comunicado da montadora. Em 2016, ao apostar na tecnologia que reúne etanol, hidrogênio e eletricidade para mover veículos automotores, a fabricante japonesa lançou um protótipo equipado com a tecnologia SOFC que, combinada com outras duas tecnologias – o motor e bateria elétrica de 24Wh –, alcançou uma autonomia superior a 600 km utilizando 30 litros do biocombustível.

“Essa tecnologia é pelo menos duas vezes mais eficiente do que a de um carro movido à combustão”, diz o professor da Unicamp. De acordo com informações da Nissan, o motor do protótipo equipado com a tecnologia da Célula de Combustível e-Bio, e que utiliza etanol e hidrogênio para gerar eletricidade, é limpo em termos ambientais e altamente eficiente.

Novas tecnologias, novas perspectivas para o etanol

Um estudo de 2018, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta que, com a entrada em vigor do RenovaBio – o programa do Governo Federal para descarbonizar o mercado nacional de combustíveis (saiba mais aqui) –, a oferta de etanol pode sair dos atuais 27 bilhões de litros por ano para 54 bilhões de litros anuais em 2030. Mas a tecnologia da SOFC, lembra o professor Gonçalo Pereira, ainda não está considerada nessas perspectivas da EPE. “Se a célula de combustível se concretizar comercialmente, será uma revolução na produção de etanol no país, que pode levar a resultados espetaculares!”, prevê.

O professor da Unicamp acredita que essa nova cadeia de estímulo à produção de etanol e biocombustíveis pode criar um novo paradigma em relação à geração de energia elétrica por meio de biotecnologia. Segundo ele, pesquisas nesse sentido devem demandar uma quantidade enorme de investimentos em biotecnologia, não apenas para o desenvolvimento do etanol como fonte de energia elétrica veicular, mas também de outras fontes renováveis, como milho, macaúba, sisal e arroz, uma vez que todas essas matrizes são capazes de alimentar a SOFC, assim como o gás natural. “O futuro será o motor elétrico movido a biocombustível”, salienta.

Ainda não há previsão quanto ao custo de um veículo equipado com a tecnologia da Célula de Combustível e-Bio, nem com relação à sua disponibilidade para o consumidor. “Mas as perspectivas são de que os preços serão mais baratos do que os custos de um veículo elétrico convencional, cujo pacote de bateria elétrica custa entre 5 e 7 mil dólares”, enfatiza o professor da Unicamp.

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